quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O SONHO DA PUREZA, DE ZYHMUT BAUMAN, E ACESSIBILIDADE.

 O SONHO DA PUREZA x ACESSIBILIDADE

Por: Luan Rodrigues dos Santos

Em seu texto, O Sonho da Pureza, Bauman relata a existência de um ideal, uma visão da condição que ainda precisa ser criada, ou das que precisam ser diligentemente protegidas contra as disparidades genuínas ou imaginadas. Com essa visão ele fala que o homem é quem intervêm na natureza, fazendo com que exista um mundo natural distinto, sendo “limpo” ou “sujo”. A sujeira é essencialmente desordem. Eliminá-la não é um movimento negativo, mas um esforço positivo para organizar o ambiente, segundo Mary Douglas.
De acordo com Bauman, expulsar os estranhos parece provir do mesmo motivo de preservação da ordem. Uma ordem que não adianta muito para a avaliação de várias formas da busca de pureza do ponto de vista de sua significação política e social e da gravidade de suas consequências para o convívio humano. A partir disso tudo que se projete a capacidade de minar padrões, seja uma pessoa, ou uma categoria de pessoas, torna-se a “sujeira” e é tratada como tal. Então é possível identificar, a exclusão de um grupo que apresentou uma dificuldade, ou fugiu dos padrões para a sociedade, a exemplo, os portadores de deficiência física, os cadeirantes e toda a classe de especiais.

A sociedade os vê como uma deformação do natural e que precisa ser excluída para que o mundo ao seu redor mantenha certo padrão ideal intacto e incólume às disparidades. Esse pensamento é comum e muito frequente no meio social. Infelizmente as dificuldades encontradas por portadores de necessidades especiais são inumeras, e isso acontece graças a uma grande maioria que ainda mantém essa visão de natural, fazendo com que eles se coloquem em situação de exclusão a esse padrão.
Infelizmente, no meio social, essa exclusão já se torna óbvia, deixando de ser notada e levada a discussão pela maioria dos indivíduos. Vemos então um conformismo que se espalha por todos os assuntos, política, meio ambiente, criminalidade, educação, etc. Nada é feito devido a um mundo “perfeito”, de acordo com alguns padrões, que é objetivado, portanto, tudo ao seu redor que se coloque como característica oposta à idealizada, se torna a sujeira, o que deve ser eliminado. A sociedade cria seus ideais e faz com quem se instaure uma teoria geral contra a “metassujeira”.
Quem mais sofre com isso são os que estão em situação de inferioridade, os deficientes. Drasticamente excluídos do meio social, eles lutam a todo custo por um espaço no mercado de trabalho, no ônibus para se locomover, nas instituições que não possibilitam as condições necessárias à circulação em seus prédios, banheiros, e etc. A responsabilidade social não foi esquecida, ela apenas passou a existir nos momentos em que se convêm existir, por exemplo, quando vai trazer algum benefício para que a instituição, ou grupos de indivíduos sejam vistos com bons olhos e certamente adquiram rótulos de excelência em meio a sociedade.
Por fim, percebe-se que a pureza descrita por Bauman, só existe na cabeça das pessoas. Cabeças manipuladas e fadadas à alienação e desconstrução do que realmente é natural, tornando-se individualistas e insensatos. Enquanto isso pessoas que necessitam e buscam atenção e ajuda a respeito dos seus problemas, sofrem com todo esse pensamento egocêntrico e infeliz.


REFERÊNCIA:


BAUMAN, ZygmutO Mal-estar da Pós-Modernidade, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1998.


FERREIRA, Matheus. Acessibilidade ao trabalho: a inserção do deficiente no mercado de trabalho. Disponível em:http://www.revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/view/733

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